segunda-feira, 5 de maio de 2014

Horizontes Invisíveis - Praça da Bandeira - 2010


Horizontes Invisíveis é um projeto dos artistas Cesar Baio, Fernanda Gomes e Walmeri Ribeiro desenvolvido em três etapas. O ponto de partida é um processo de imersão no cotidiano da cidade que recebe o projeto, visando o reconhecimento do espaço urbano e uma cartografia das dinâmicas culturais, das apropriações, das mediações e das tensões que o atravessam. Esta interpretação sensível da cidade é o repertório inicial para a criação de intervenções no espaço público. Na segunda etapa do projeto a interação entre artistas, atores sociais, passantes, contextos e práticas cotidianas é o principal instrumento expressivo para a criação de momentos imaginativos, lúdicos, fabulatórios, líricos que visam a ressignificação de espaços. Na terceira etapa estes efêmeros horizontes invisíveis são deslocados para a galeria através de instalações interativas. Apoiadas em interfaces experimentais, as instalações são criadas com o intuito de produzir agenciamentos capazes de conferir ao público da galeria um papel semelhante àquele assumido pelos artistas durante a intervenção. 



Horizontes Invisíveis|Praça da Bandeira - 2010 from Fernanda Gomes on Vimeo.







Como um projeto de site-specific art, “Horizontes Invisíveis” surge a partir de um processo de imersão na cidade, que busca sobretudo estabelecer trocas entre o trabalho artístico, os lugares e as mediações que fazem com que seus significados sejam definidos. Desta primeira etapa do projeto resultam as intervenções, nas quais são estabelecidas relações entre os artistas envolvidos, o público participante, os contextos e as práticas cotidianas. Procuramos assim estimular séries de releituras, apropriações e rememorações de pequenos espaços que constituem uma cidade, através de cruzamentos entre o registro do cotidiano, a provocação de uma dinâmica social, atravessamentos, deslocamentos e re-significações do espaço urbano.  Na troca entre os artistas e a cidade, estes efêmeros momentos lúdicos, fabulatórios e líricos acabam por revelar tensões encobertas pela apreensão banal do cotidiano.
Buscando justamente dar uma forma à passagem da percepção banal do cotidiano às realidades invisíveis a partir de imagens e experiências produzidas pelas intervenções, são criadas as instalações interativas. O desafio que os artistas se propõem é o de criar obras em espaços artísticos de forma a posicionar o público em um lugar semelhante àquele que foi transformado no momento da intervenção no espaço público. Assim, estas interfaces objetivam criar um tipo específico de interação com as imagens, um agenciamento entre a presença e a documentação que seja capaz de engajar efetivamente o público da galeria como cúmplice do gesto artístico. 
Com a experimentação de dispositivos técnicos e interfaces de interação em relação com comportamentos urbanos, esta proposta torna possível a formação de uma rede de experiências em espaços e tempos distintos: o que se passou e o que está sendo atualizado durante a recepção da obra. Espaços são re-significados, experiências são revividas e os participantes podem experimentar outros tipos de relações com a obra, através dos agenciamentos dos dispositivos e dos hibridismos entre linguagens e suportes. 
Nossa proposta é formar um mapa de criações, intervenções e experimentações artísticas a partir das especificidades de espaços de cada cidade que recebe o projeto. As primeiras ações aconteceram no Rio de Janeiro e em Fortaleza e resultaram em intervenções, performances e instalações interativas que provocaram reinvenções de relações entre espaços, objetos, pessoas e gestos.
A ação “Praça da Bandeira” merece nossa especial atenção, tendo em vista o foco da pesquisa. A proposta constitua em provocar primeiro a participação de frequentadores de uma conhecida praça de Fortaleza, que apresenta vários púlpitos de estátuas vazios. Convidávamos então as pessoas a fazerem poses e preencherem por alguns segundos estes púlpitos com seus gestos e expressões. A participação foi extremamente satisfatória e obtivemos diversas poses divertidíssimas. Em um segundo momento, levamos uma instalação interativa para o Espaço Alpendre, ou seja, um espaço preparado para receber ações artísticas. Neste espaço, os espectadores também eram convidados a fazerem poses e terem suas imagens projetadas. Porém, as relações que aconteceram no espaço público se mostraram bem mais expressivas.



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